O banhado é fundamental para as gerações atuais e futuras,
deveria e deve ser preservado
Tendo em vista a comemoração do 2 de fevereiro como Día Mundial das Áreas Úmidas, e para conscientizar sobre o valor destes importantes e produtivos ecossistemas, convidamos para falar a Ana Carolina Canary, Chefe da Estação Ecológica Taim.
Origem
A Estação Ecológica do Taim -palavra resultante da variação da expressão indígena “tai moing”, que significa “cousa pequena em que penso”- foi criada em 21 de julho de 1986 a partir do decreto 92.963, e é uma Unidade de Conservação e Proteção Integral da Biodiversidade.
A administração é realizada pelo Instituo Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) -uma autarquía federal criada no ano de 2007-, órgão dependente do Ministério do Meio Ambiente assim como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
A Estação Taim é considerada patrimônio do Rio Grande do Sul e do Brasil, declarada como Área de Interesse Internacional para aves pela UNESCO, e incluída na Convenção de Ramsar – tratado intergovernamental assinado em fevereiro de 1971 no Irã, que estabelece marcos para ações nacionais e para a cooperação entre países com o objetivo de promover a conservação e o uso racional de áreas úmidas no mundo-, que foi reconhecida legalmente no Brasil em 1996.
Operacional
Na Estação “se trabalha com visitação no entorno, com fiscalização de caça e pesca, com estímulo a pesquisa -a gente sempre recebe muitos pesquisadores anualmente-, monitoramento, combate ao fogo, uma infinidade de coisas, é tratar como uma “coisa viva”, então cada dia é um dia”, disse Canary.
Localização
A unidade de conservação fica localizada entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico, na planície costeira do Rio Grande do Sul. A maior parte da Estação fica dentro do território dos municípios de Santa Vitória do Palmar e Rio Grande, e é atravessada pela BR-471, estrada de acesso ao Brasil pelo Chuí.
Área de abrangência
A área da Estação do Taim é de 32 mil hectares de extensão. Protege uma área de banhados, habitat de aves migratórias, repteis, anfíbios e diversos mamíferos e quelônios. A vegetação é formada por trechos de matas de restinga, campos secos e várzeas. O inverno é frio e chuvoso, e o verão quente e seco, agravado atualmente pelo fenómeno de “La Niña”; apresenta ventos intensos do Pampa, em média o clima é subtropical e com temperatura média anual de 18 º C, tem chuvas numa média anual de 1100 mm.
O fogo
Embora haja diversos planos de manejos para todas as ações -porquanto há um plano de manejo para o fogo-, em dezembro de 2022 o banhado foi atingido por um raio que causou um incêndio.
As chamas consumiram uma área total de 12 mil hectares, superando os outros incêndios acontecidos em 2013 e 2008. A ocorrência é considerada o maior incêndio na história da estação ecológica, já que a área afetada representa 37,5% do total da Estação.
O bom é que embora o fogo tenha atingido uma importante extensão da Estação, não se tem registro de danos na fauna por causa dos incêndios. Em relação a vegetação, já é percebida uma recuperação acelerada devido às próprias características da geomorfologia e da vegetação do lugar, um solo húmido, encharcado em agua, temperaturas altas e muito sol.
Sua riqueza natural
A Estação Ecológica do Taim é um lugar de abrigo, alimentação e reprodução de muitas espécies, considerada um dos criadouros de maior significado ecológico do Sul do Brasil, conforme o ICMBio.
“O Taim é uma Estação que tem um pouquinho de tudo, até é difícil classifica-lo, porque as vezes e classificado como uma área costeira, tem um pedacinho de resto de mata atlântica, ele já ganhou título por conta dos campos sulinos que a gente tem no interior da Unidade, tem área de lagoas, tem um pouquinho de tudo, e por isso ele tem uma grande diversidade. Temos cerca de 122 espécies de aves, mais de 4 espécies de mamíferos, 18 espécies de répteis, e uma infinidade de invertebrados que não são contabilizados porque não os vemos”.
A Estação ecológica abriga centenas de espécies ameaçadas de extinção e endêmicas. “Uma espécie endêmica é aquela espécie animal ou vegetal que ocorre somente em uma determinada área ou região geográfica. O endemismo é causado por quaisquer barreiras físicas, climáticas e biológicas que delimitem com eficácia a distribuição de uma espécie ou provoquem a sua separação do grupo original. Quando a separação ocorre por um longo período, o grupo isolado sofre uma seleção natural que desenvolve nele uma diferenciação de outros membros da espécie”.
Sua importância
“Si não tivéssemos os banhados ia ter agua demais poluída, porque os banhados acabam servindo como um filtro das aguas. Ele também é um lugar de criadouro de uma grande biodiversidade de animais, e serve de “ar condicionado”, porque quando tem excesso de agua ele acaba armazenando, e quando está muito seco ao redor dele, ele acaba liberando essa agua para o ambiente. Então os banhados são essências para a manutenção da vida; preservá-lo é fundamental para as gerações atuais e futuras, sem contar que é um tipo de ambiente lindo, que por sua beleza cénica deveria e deve ser preservado “.
Para visitações os interessados podem se comunicar ao e–mail: esec-taim.rs@icmbio.gov.br , o ao telefone +55 (53) 35033151.
Fonte:
Fotografías: Janaina De Lima ou @janinasereia
http://meioambientetecnico.blogspot.com/2015/02/especie-endemica.html
Produtor e documentalista, investigador, escritor, jornalista e amigo da natureza.