O audiovisual tem a condição de resgatar histórias de uma região do país, mas com a singularidade de retratar práticas que são replicadas em outras regiões.
Na última sexta-feira, 2 de setembro, à tarde, na Sala Virtual da ANTEL, na cidade de Melo, Cerro Largo, tive o prazer de apresentar o documentário “El pobre que va por pan”, que narra o processo artístico do escultor Nicolás Fariña, natural da mesma cidade, que criou uma série de esculturas com o mesmo nome.
Essas esculturas ocupam um lugar de prestígio nos acessos à cidade natal do escultor, como se marcassem o caminho de chegada dos contrabandistas que, a cavalo, por meio dos conhecidos “cargueros”, com suas rédeas amarradas à cauda do próximo cavalo formando uma manada, traziam provisões para a cidade; A bicicleta também é mostrada com sua carga distribuída no porta-cargas e no guidão, seguida pelo “motoquilero” carregando vários galões e, finalmente, a mulher carregando suas sacolinhas com “quilos de esperança”.
O documentário compila imagens do escultor em seu ambiente de trabalho, mas também capta as palavras de professores profissionais do departamento, como os professores Teresita Pirez, Nelcino Mederos e Víctor Ganello (falecido), que transmitem sua visão e proporcionam uma maior compreensão do assunto a partir de uma perspectiva histórica, literária e jurídica.
Com simplicidade e de forma direta, quatro ex-contrabandistas contam suas experiências relacionadas a cada uma das modalidades de comercialização transfronteiriça: Arturo Ferreira relembra suas aventuras nos cargueros puxados por cavalos, Juan Robatti relembra seu tempo como quilero em uma bicicleta, Darly Borges conta suas experiências como motoquilero e Doña Evangelia “Chido” Olivera nos dá sua perspectiva como contrabandista de malas.
O audiovisual tem a condição de resgatar histórias de uma região do país, mas com a singularidade de retratar práticas que são replicadas em outras regiões (embora não de forma idêntica), de modo que qualquer pessoa que viva em outra região de fronteira com o país vizinho, o Brasil, possa se sentir identificada com alguns dos conceitos ali expressos pelos protagonistas.
A oportunidade foi propícia para apresentar de forma física e pessoal uma literatura única, como o livro “QUILEROS-Entre historias y caminos”; ele compila as publicações de seis autores fronteiriços e vai de Chuy, com Lucio Ferreira e suas histórias de “Contrabandistas”; Jorge Carlos Muniz, de Vergara, que fala sobre “Los Cimarrones”; Juan Carlos Muniz, de Rio Branco, fala sobre “Los cargueros de contrabando en el Rio Yaguarón”; Nicolás Barboza, de Fraile Muerto, compartilha a história de seu avô “Juan Morales-Quilero y padre de familia”; Atilio Amoza, de Tacuarembó, nos leva a refletir sobre “Contrabando, perspectiva a futuro”; E, finalmente, abaixo assinado, como compilador, editor e produto do livro intitulado “De Aceguá a Melo”, deixo em um capítulo uma série de retratos e histórias do que não foi dito nas filmagens do documentário EL POBRE QUE VA POR PAN, que, a pedido do escultor, dirigi e produzi com grande satisfação.
Em breve, revelaremos os meios para desfrutar do documentário; enquanto isso, você pode comprar o livro em nosso site, ligando para nosso telefone de contato 099 745 614 e agora na Livraria PALAM em Melo, bem como na Livraria Juana em Rio Branco.
Aproveitando esta oportunidade, o escultor Nicolás Fariña, bem como os abaixo assinados, gostariam de agradecer a todos aqueles que nos prestigiaram com sua ajuda, destacando a presença do Conselheiro Departamental Fabián Magallanes, que além de seu perfil político, se dispôs a administrar o espaço e os implementos necessários para a projeção do documentário. Agradecimentos especiais são devidos a todos e a cada um dos trabalhadores da mídia que apoiaram, como sempre fizeram, de forma desinteressada e objetiva, a divulgação da apresentação: FM NOVA 98.3 – a José Correa e sua equipe da Mesa de Rádio; à RADIO ACUARELA – a “Zebra” Preto, a Néstor Araujo, a Ricardo Rodríguez e Ana Martínez com “La mañana en colores”; na RADIO PÚBLICA FM 106. 9 – a Silvia Techera e Isabel Abelar; na FM 99.1 – a Mario Ferreira com seu “Siempre es hoy”; na LA VOZ DE MELO – Sergio Rosa e Florencia Pagiola; no CANAL 12 – com Santiago Pagiola e Sebastián Lucas e a cada um dos que repercutiram a apresentação em suas redes sociais.

Produtor e documentalista, investigador, escritor, jornalista e amigo da natureza.